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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Diadema recicla 34% do lixo que produz‏


Diadema recicla 34% do lixo que produz
Por: Camila Galvez (camila@abcdmaior.com.br)

Esteira de reciclagem na Cooperlimpa: trabalho ambiental e social ao mesmo tempo. Foto: Antonio Ledes

Município é exceçăo na Regiăo, onde reciclagem năo ultrapassa os 4% do total de resíduos produzidos

A cada 100 kg de lixo produzidos em Diadema, 34 săo reciclados. A cidade, que em 2009 produziu 87 mil toneladas de resíduos, é exceçăo no ABCD, onde a reciclagem năo ultrapassa os 4%. Especialistas apontam que a reciclagem é o caminho para evitar que os sistemas de armazenamento de lixo entrem em colapso.

O número só foi alcançado graças ao Programa Vida Limpa, que existe desde 2002 com a organizaçăo dos catadores em cooperativas. A açăo também gera emprego para 66 catadores.

Na Cooperlimpa, no Jardim Inamar, 16 pessoas trabalham para reciclar diariamente tręs toneladas de materiais recolhidos na Vila Conceiçăo, Parque Real e Serraria. Os funcionários săo autônomos e conseguem retirar R$ 800 por męs.

O coordenador da cooperativa, José Lacerda Borges, acaba de receber uma boa notícia: o BNDES liberou R$ 230 mil para a compra de caminhăo, empilhadeira, fragmentadora e equipamentos de segurança. “Agora a coisa vai melhorar”, garantiu.

Patrícia Frazăo da Silva, 31 anos, separa o material e joga em grandes latőes com uma abertura por baixo, que permite que os resíduos caiam de plataforma em grandes sacos, vendidos para as indústrias de reciclagem. “Antes de vir para cá ficava só cuidando da casa e dos meus tręs filhos”, disse.

Na mesma esteira de Patrícia trabalha um senhor de 60 anos. Elias Domingos Parente era metalúrgico, mas a empresa se mudou para longe de Diadema. Desempregado com 49 anos, foi convidado para trabalhar na reciclagem. “Nem sabia o que era isso. Agora sei da importância desse trabalho”, afirmou.

Regiăo - A produçăo de lixo no ABCD cresceu 4,7 mil toneladas em um ano. Foram 13 toneladas a mais por dia produzidas no ano passado em relaçăo a 2008. Os sete municípios geraram 1,6 mil toneladas de resíduos em apenas 24 horas em 2009 -- no ano foram 584 mil toneladas, de acordo com o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares, da Cetesb.

Săo Bernardo é a cidade que produz mais detritos, com 557,8 toneladas por dia, seguida por Santo André, com 471,4; Mauá, com 250,5; Diadema, com 238,6; Săo Caetano, com 76; Ribeirăo Pires, com 56 e Rio Grande da Serra, com 16,6 toneladas. Enquanto Săo Bernardo estuda incinerador, apenas Santo André possui aterro sanitário próprio, interditado na última semana pela Cetesb por acomodar o lixo de maneira irregular. Os resíduos das demais cidades văo para um aterro particular em Mauá.


Reciclagem é tímida - A destinaçăo final do lixo pode se tornar um problema se năo for feita de maneira correta, contaminando solo e lençol freático. Os aterros sanitários substituíram os lixőes como um sistema que polui menos, mas năo basta: é preciso reciclar, e as cidades do ABCD ainda agem de maneira tímida na área.

Em Săo Caetano, em 2009 a Prefeitura recolheu 165 toneladas de lixo reciclável. A Administraçăo iniciou a coleta seletiva porta a porta no ano passado, nos bairros Mauá, Jardim Săo Caetano e Cerâmica para tentar ampliar esse montante, mas apenas 1% do lixo recolhido na cidade (180 toneladas por dia) é reciclado.

Percentual semelhante é encontrado em Săo Bernardo, cidade na qual a Secretaria de Serviços Urbanos mantém 202 pontos de coleta voluntária. O assistente de diretoria do Departamento de Limpeza Urbana da Pasta, Luiz Adriano Prezia Carneiro, afirmou que há um projeto em andamento para ampliar a reciclagem. “Năo adianta só recolher o material, precisamos estudar para quem será vendido”, comentou.

Em Santo André, o Semasa recolheu pelo sistema porta a porta, Estaçőes de Coleta e Postos de Entrega Voluntária 8,4 mil toneladas de materiais em 2009, montante que representa apenas 4% de todo o lixo produzido no município.

Ribeirăo Pires encaminha cerca de 30 toneladas de lixo por męs para reciclagem, mas a coleta seletiva é efetuada apenas na área central e năo atinge mais que 2% do produzido. Já Mauá recicla 350 toneladas por ano por meio da cooperativa de catadores, menos de 0,5% do total. A quantidade deve aumentar após a inauguraçăo de 12 postos de coleta voluntária. Rio Grande năo respondeu a solicitaçăo da reportagem.

Bomba-relógio - O aumento na produçăo de lixo năo ocorreu só na Regiăo, mas é um fenômeno do crescimento da renda do trabalhador brasileiro. A afirmaçăo é Ana Maria Domingues Luz , presidente do Instituto GEA, especializado em reciclagem. Para Ana Maria, é preciso reduzir o consumo e ampliar a reciclagem e, para isso, poder público e sociedade precisam trabalhar juntos.

O lixo é uma bomba-relógio da sociedade moderna. Quando os aterros enchem, o custo econômico de transportar os resíduos se torna inviável para a maioria das cidades. No entanto, năo vejo vontade política de se investir num trabalho sério de reciclagem”, afirmou Ana Maria. Para ela, a coleta seletiva deveria ser vista pelos municípios como um serviço público indispensável.

Uma boa saída, de acordo com a especialista, seria investir na remuneraçăo das cooperativas de catadores, assim como se faz com as empreiteiras que realizam a coleta do lixo. “Além disso, é importante investir em educaçăo ambiental para conscientizar a populaçăo sobre a separaçăo adequada dos materiais”, salientou.

http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=21040


Foto: Antonio Ledes

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