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terça-feira, 31 de maio de 2011

Pequenos produtores comentam o novo Código Florestal

G1 falou com produtores rurais em sete estados.
Legislação define quanto deve ser preservado pelos produtores.

Do G1, em SP, RJ, MS, PR, BA e MG


A Câmara dos Deputados aprovou o novo Código Florestal na terça-feira (24). Durante uma semana, o G1 ouviu pequenos produtores em sete estados (Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia). Pontos que já motivam debates entre senadores e líderes do governo também causam preocupação entre os produtores ouvidos pela reportagem.

O Código Florestal é a legislação que estipula regras para a preservação ambiental em propriedades rurais e define o quanto deve ser preservado pelos produtores. O código atual é de 1965. Entre outras regras, o Novo Código prevê dois mecanismos de proteção ao meio ambiente.

O primeiro são as chamadas áreas de preservação permanente (APPs), locais como margens de rios, topos de morros e encostas, que são considerados frágeis e devem ter a vegetação original protegida. Há ainda a reserva legal, área de mata nativa que não pode ser desmatada dentro das propriedades rurais.

No Senado, itens podem ser alterados. Caso haja mudança em relação ao texto aprovado na Câmara, os deputados voltam a analisar o texto. Depois, o código vai à sanção da presidente Dilma Rousseff, que pode vetar o texto parcial ou integralmente.

José (Foto: Vinícius Sgarbe/G1PR)

Na Região Metropolitana de Curitiba, um produtor conseguiu unir a preservação determinada pelo Código Florestal vigente a produção. José Ari da Silva produz cinco tipos de alface, Brócolis e couve-flor. "Quando mais se planta, mais se ganha. Mas aqui ninguém quer ficar rico", diz José sobre a reserva legal de 20% que mantém em seu terreno.

Produtor Rodrigo Immediato  (Foto: Maria Angélica Oliveira/G1)

Um ponto do Código Florestal que deverá causar impacto no estado de São Paulo é a proposta de isentar de recomposição da reserva legal as propriedades rurais de até quatro módulos fiscais. Se for aprovada, colocará a fazenda do produtor Rodrigo Immediato dentro da lei. Ele cria 130 cabeças de gado leiteiro numa área de 50 hectares na região de Pindamonhangaba. “Essa propriedade está com a minha família desde a época do café. Falar em reserva legal é difícil. Não era uma mentalidade da época”, diz.

Pequeno produtor em Maricá, José Milton reclama a falta de incentivo (Foto: Aluizio Freire)

Em Maricá, no Rio de Janeiro, pequenos produtores, que utilizam suas propriedades para plantar aipim, banana, limão, milho e algumas hortaliças, reconhecem que a preservação da floresta é fundamental para garantir o sustento de suas famílias com o cultivo de produtos de qualidade para comercialização no mercado local. "A gente aqui não deixa ninguém desmatar. Somos fiscais voluntários desse espaço", diz José Milton dos Santos, produtor da região de Espraiado.

Luiz da Silva Filho e Marlene Martins da Silva, produtores rurais em Sarzedo (MG) (Foto: Flávia Cristini/G1)

O agricultor Luiz da Silva Filho retira o sustento da família de canteiros de brócolis, cebolinha e salsinha de sua propriedade na zona rural de Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "Fui regularizar [o uso da água] e pediram para preservar 20% da área. O impacto é grande para mim e isso não daria retorno, afirmou, dizendo que a área de reserva legal prejudicaria a renda da família. Filho explica que não é contra a recomposição da vegetação nativa, mas diz que sem incentivo não conseguiria fazer o replantio.

S. Bertulino, produtor baiano (Foto: Arquivo Pessoal)

Pequeno produtor rural do povoado de Conchas, no distrito de Maniçoba, na Bahia, Bertulino diz que acompanha as discussões sobre o novo Código Florestal e há cinco anos reserva 50 metros da sua área, partindo da margem do rio, para preservação. "Converso muito com meus vizinhospara eles também preservarem, mas dizem que sou doido", conta Bertulino.

José Guarino Fernandes (Foto: Arquivo Pessoal)

Dono de uma propriedade de 780 hectares em Sapezal (MT), o agricultor Jose Guarino Fernandes acredita que o código florestal será benéfico ao produtor, porque servirá para consolidar as áreas que já estão desmatadas e são produtivas. Ele diz que não vai se beneficiar, pois mantém as áreas de reservas exigidas por lei. Fernandes conta que utiliza 500 hectares para o plantio de soja e pastagem, outros 90 pertencem a uma APP e 190 são área de reserva legal.

Produtor rural de Dourados, MS, Hidenori Kudo (Foto: Idete Mendes)

Hidenori Kudo cultiva arroz, mandioca, cana, eucalipto e milho em uma propriedade de 1.200 hectares, no município de Dourados (MS). Em sua propriedade, Kudo tem 120 hectares de reserva legal, 150 hectares de uma Área de Proteção Permanente (APP) e ainda uma área não contabilizada de mata ciliar. "Acho que as áreas de APP têm de ser incluídas na conta da reserva legal, se não pode inviabilizar a atividade", afrima.

domingo, 29 de maio de 2011

Em 120 dias, quase um Ibirapuera desmatado

Morumbi é um dos mais afetados; Prefeitura prevê compensação, que nem sempre ocorre

Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S.Paulo

Uma das metrópoles menos verdes do mundo, São Paulo perdeu nos primeiros quatro meses do ano 12.187 árvores. É como se quase um Ibirapuera inteiro tivesse sumido entre 1.º de janeiro e 30 de abril - o parque tem 15 mil árvores - para dar lugar a prédios, conjuntos habitacionais e obras de infraestrutura. Os números fazem parte de um levantamento da Comissão do Verde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, obtido com exclusividade pelo Estado.

Andre Lessa/AE
Andre Lessa/AE
Vila Andrade. Nova obra cortou mais de 300 árvores

Todos os cortes - que incluem também pedidos particulares e a retirada de 621 árvores mortas (5,1% do total) - foram autorizados pela Prefeitura. O governo sempre exige um replantio de mudas maior do que o número de cortes autorizados. Mas a eficácia dessa compensação ambiental é duvidosa e muitas vezes executada sem sucesso ou qualquer tipo de fiscalização.

No caso das licenças emitidas neste ano, muitas obras nem começaram. Mas, ao checar como tem sido feita a compensação de parte das 7.044 árvores cortadas com autorização do governo no primeiro trimestre do ano passado, a reportagem constatou que o replantio não ocorreu ou tem falhas graves. Em relação ao total do ano de 2010, a Prefeitura divulgou apenas um número parcial (o de novas construções), que aponta 10.693 árvores cortadas.

Pelas autorizações de 2010, é possível observar, por exemplo, como alguns dos últimos fragmentos de mata na região do Morumbi, na zona sul, estão desaparecendo para dar lugar a torres com mais de 20 andares. A impermeabilização avança sobre terrenos localizados entre o Panamby e a Vila Andrade, em um imenso matagal que ainda separava os condomínios de classe média alta das favelas do Campo Limpo. Sem a mata, que agregava espécies nativas da Mata Atlântica, como araucárias e aroeiras, essa divisão na zona sul praticamente sumiu - e o ar agradável da região também parece estar com os dias contados.

Novo bairro. Nesse miolo desmatado do Morumbi surgiu há uma década o bairro Jardim Sul, onde praticamente só existem condomínios fechados de alto padrão. Visto do alto, o bairro abriu um buraco no meio da mata. Só para um dos empreendimentos que estão sendo erguidos no bairro, na Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, a Prefeitura autorizou em março do ano passado o corte de 337 árvores vivas, 16 mortas e o transplante de outras 50 para dentro da obra. Como contrapartida, o governo pediu preservação de 162 árvores e plantio de outras 200 no terreno. Mas nada indica que a compensação está sendo realizada, como observou a reportagem no canteiro.

Perto dali, na esquina das Ruas Alexandre Benois e Castelhano, na Vila Andrade, um novo condomínio ganhou autorização para cortar 171 árvores também em março do ano passado. A Prefeitura ainda autorizou a remoção de outras 40. Quase um ano e meio depois, as obras estão encravadas no meio da mata nativa. Segundo vizinhos, algumas árvores foram arrancadas com correntes puxadas por tratores. Logo acima do empreendimento, a Subprefeitura do Campo Limpo está reabrindo rua que estava soterrada por entulho jogado por moradores da favela ao lado e deve facilitar o acesso ao Shopping Jardim Sul.

PARA ENTENDER


1. O que são os Termos de Compensação Ambiental (TCAs)?

Os TCAs são uma espécie de contrato firmado entre a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e alguma pessoa física ou empresa que precisa remover ou cortar árvores para fazer uma obra. Os termos são obrigatórios antes de qualquer tipo de manejo de vegetação.

2. Como funciona o processo de licenciamento?

A empresa apresenta um plano de manejo, dizendo quantas árvores precisam ser retiradas para execução da obra. Técnicos da secretaria vão a campo conferir a situação real e, caso necessário, fazer mudanças no plano para preservar mais árvores no local. Depois, é estabelecida uma compensação ambiental pelos exemplares perdidos.

3. Quais os tipos de compensação?

Normalmente se pede o plantio de árvores no mesmo terreno ou no entorno. Caso isso não seja possível, ela é feita em outros locais da cidade. Esse modelo, entretanto, tem recebido críticas de ambientalistas por não recompensar os bairros de onde as árvores são mais retiradas - que, por serem alvo constante do mercado imobiliário, também são os que mais precisam de áreas verdes.

Fonte: Jornal O Estado de SP (29.05.2011, on line)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mata Atlântica perdeu uma área de 30 mil campos de futebol de floresta em dois anos

Luana Lourenço

Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Mata Atlântica perdeu 311 quilômetros quadrados de floresta em dois anos, uma área maior que 30 mil campos de futebol. Os números são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado hoje (26) pelo organização não governamental (ONG) Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O atlas avaliou a situação de remanescentes da vegetação original em 16 estados que fazem parte do bioma: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Só o Piauí ficou de fora, por causa da indefinição das formações florestais naturais no estado.

Entre 2008 e 2010, a maior parte do desmatamento na Mata Atlântica ocorreu em Minas Gerais. No estado, foram derrubados 124 quilômetros quadrados de vegetação nativa. Bahia e Santa Catarina aparecem em seguida, com 77 quilômetros quadrados e 37 quilômetros quadrados a menos de florestas no período.

Os dados do Inpe e da SOS Mata Atlântica mostram que em todos os estados houve queda no ritmo do desmate nos últimos anos. Na comparação com o período avaliado pelo levantamento anterior, de 2005 a 2008, houve queda de 55% no ritmo da derrubada. No entanto, de acordo com a diretora de gestão do conhecimento da ONG, Márcia Hirota, é preciso manter os esforços para conservação do bioma, que atualmente só tem 7,9% da área que ocupava originalmente.

“Quase acabamos com a Mata Atlântica, o que ainda existe precisa ser preservado a qualquer custo. É preciso ficar alerta, porque, apesar da queda, as ameaças ainda são grandes. Ainda observamos desmates para reflorestamento [com espécies não nativas], para pastagens e para transformação em carvão”, disse.

O atlas também aponta os municípios que mais desmataram a Mata Atlântica no biênio 2008-2010. Quatro dos cinco primeiros municípios do ranking são mineiros: Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, na região do Vale do Jequitinhonha, e Pedra Azul e Águas Vermelhas, no norte do estado. Andaraí, na Bahia, completa o rol dos campeões de desmate.

“Nessa região, a mata foi derrubada para exploração de carvão, e agora as árvores estão sendo substituídas por eucaliptos”, denuncia Márcia Hirota.

Edição: Aécio Amado

Trabalho GA Efeito Estufa

MAG - 2/14 - Efeito Estufa

MAG - 3/14 - Ciclo do Carbono

MAG - 4/14 - Ciclo do Nitrogênio

MAG - 5/14 - Mudanças Climáticas Naturais

MAG - 6/14 - Mudanças Climáticas Antropogênicas

MAG - 7/14 - Observações do Aquecimento Global

MAG - 8/14 - Cenários de Mudanças Climáticas Futuras

MAG - 9/14 - Mudanças Globais na Vegetação

MAG - 10/14 - Buraco na Camada de Ozônio

MAG - 11/14 - Impactos no Brasil e no Mundo

MAG - 12/14 - Conclusões O que nos espera no futuro

MAG - 13/14 - Mudanças Climáticas (Vídeo)

MAG - 14/14 - Experiência Efeito Estufa

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Após aumento do desmate, governo reforça fiscalização em Mato Grosso

Luana Lourenço
Enviada Especial da Agência Brasil

Sinop (MT) - O governo decidiu aumentar a ofensiva contra o desmatamento em Mato Grosso, que voltou a registrar avanço das derrubadas em março e abril. No bimestre, o estado foi responsável por 80% de todo o desmatamento verificado na Amazônia Legal pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A derrubada em Mato Grosso, tradicionalmente concentrada no norte do estado, se deslocou para o centro-oeste, na região de influência do município de Sinop, distante 500 quilômetros (km) de Cuiabá.

Mais de 200 homens da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal e pelo menos 500 agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão na região para reforçar a fiscalização e tentar coibir o avanço dos desmatamentos.

A minsitra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, visitaram hoje o estado para acompanhar o trabalho de campo dos agentes. “Para sufocar o desmate, vamos entrar não só com a fiscalização, vamos para as áreas embargadas”, disse a ministra.

Os ministros estiveram em uma área de 120 hectares, desmatada recentemente, onde a vegetação foi derrubada com o uso do chamado correntão, que é uma extensa corrente de metal, presa a dois tratores, usada para derrubar mais rapidamente grandes áreas de floresta. Lá, o Ibama apreendeu dois tratores e multou o dono da terra, que é produtor de arroz, em R$ 600 mil.

O Inpe e o Ibama vão começar a monitorar áreas embargadas para que o governo seja alertado quando o proprietário estiver descumprindo a ordem de manter paralisadas as atividades agropecuárias. “Vamos tirar todo o equipamento, os tratores, a madeira. Quem aposta na ideia de que o boi vai ficar lá, vai perder”, alertou Izabella Teixeira.

O governo também quer aumentar o controle sobre as licenças estaduais para desmatamento legal. A lei determina que a emissão de licenças de supressão de vegetação é prerrogativa dos órgãos estaduais de meio ambiente, mas as informações devem ser compartilhadas com a União, que é responsável pela fiscalização. “Queremos saber onde o estado autoriza os desmatamentos. A responsabilidade é do estado, mas as informações precisam ser compartilhadas. Vamos ter um sistema para saber que desmatamento são legais ou ilegais na Amazônia”.

Mato Grosso, Pará e Amazonas já começaram a compartilhar dados de licenças ambientais com o governo federal e, segundo a ministra, deverão assinar acordos com a União para formalizar a troca das informações.

O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, pediu apoio do Exército para reforçar as ações no estado até 31 de julho. Os meses de maio, junho e julho são considerados críticos para o combate ao desmatamento na Amazônia por causa do período da estiagem, quando é mais fácil derrubar e transportar a madeira extraída ilegalmente. A operação pode ser estendida para outros estados. “Quando as nuvens abrirem, vamos começar a enxergar como está a situação e definir novas estratégias", adiantou.

Edição: Vinicius Doria//A matéria foi alterada para acréscimo de informação

Brasil 'outorga impunidade a desmatadores da Amazônia', diz jornal

O jornal espanhol "El País" traz nesta quinta-feira uma reportagem sobre a mudança do código florestal aprovada na Câmara dos Deputados na terça-feira à noite, com o título "Brasil outorga a impunidade aos desmatadores da Amazônia".

A reportagem, que adota um ponto de vista crítico à aprovação, ressalta que a medida é mais uma "vitória do setor rural sobre o ambiental" dentro da lógica política do país.

"Mais uma vez fica claro quem manda no Brasil quando os interesses dos latifundiários estão em jogo", escreve o correspondente do jornal no Rio.

"O todo poderoso setor agropecuário brasileiro mantém sob controle a Câmara dos Deputados através de uma densa rede de apoio nos partidos majoritários, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT), do governo. Mais do que nunca ficou claro o poder de pressão que o campo brasileiro continua tendo nos despachos de Brasília", ele afirma.

Para o correspondente do jornal, "as imagens do Congresso após a polêmica votação eram inquietantes: dezenas de deputados se abraçando eufóricos e fazendo o sinal de vitória".

"Na mesma manhã, o Brasil se despertava com a notícia do assassinato, a tiros, do líder ambientalista João Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, ambos os ativistas mortos pela preservação do Amazonas. Da Silva havia denunciado que sofria ameaças de morte por parte de madeireiros e pecuaristas do Pará, onde vivia. Os mesmos que provavelmente brindaram à aprovação do novo código."
Jornais criticam
O relato do jornal espanhol ilustra o tom crítico adotado na maioria dos artigos veiculados na imprensa europeia e americana sobre o assunto.

Na Grã-Bretanha, o jornal "The Independent" titulou: "Corte e queima: Brasil rasga a lei que protege as suas florestas".

O periódico britânico dedica ao tema uma dobra de página e uma fotomontagem com imagens e gráficos, indicando que "a Amazônia segue ameaçada".

Como outras publicações, o "Independent" se debruça sobre os efeitos de uma possível concessão de anistia aos fazendeiros que, no passado, desmataram suas terras em maior escala que o permitido pela legislação.

A reportagem cita o renomado ambientalista Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ouvido pela agência Associated Press.

"A proposta de anistia dá continuidade a uma longa tradição brasileira, de legalizar o ilegal. As pessoas acham que podem desmatar ilegalmente porque mais cedo ou mais tarde serão perdoadas", diz Fearnside.

A mesma declaração é reproduzida também no espanhol "ABC", para quem os deputados "ignoraram as pressões dos ecologistas e passaram como um trator sobre a opinião pública".

A reportagem do diário de Sevilha descreve o código como "a gênese de um gigantesco ambiental", atribuindo a avaliação aos ambientalistas.

Desdobramentos econômicos
O tema também mereceu espaço em dois dos principais jornais econômicos da imprensa estrangeira, o americano "Wall Street Journal" e o britânico "Financial Times".

O diário nova-iorquino comenta que a mudança da lei é "uma vitória para os grandes produtores e pecuaristas do Brasil".

"A presidente brasileira, Dilma Rousseff, adotou uma plataforma pró-desenvolvimento e geralmente se alia com os produtores ao invés dos ambientalistas. Porém, membros de seu governo dizem que a legislação, aprovada na forma atual, vai muito longe", observa o "WSJ".

Já o "FT" ressaltou que a "legislação ambiental alimenta temores pela Amazônia".

O diário ventilou a visão dos ambientalistas de que as mudanças no Código Florestal podem ameaçar as exportações agropecuárias do país.

"Sob o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as autoridades conseguiram reduzir o ritmo de destruição da Amazônia através do monitoramento via satélite", escreve o jornal.

"Os ambientalistas argumentam que a implementação mais rigorosa da lei beneficiou os exportadores dos principais produtos brasileiros, incluindo soja e carne, que podiam alegar com credibilidade que não estavam produzindo em áreas desmatadas ilegalmente."

Esculturas de gelo chamam atenção para aquecimento global



A organização Oxfam ergueu duas estátuas de gelo em frente ao local onde ocorre a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em copenhague, na Dinamarca, para chamar a atenção para o custo humano do aquecimento global.

As esculturas - de três metros de altura cada - representam dois guerreiros Maasai e seu bebê.

Foram usadas quatro toneladas de gelo no projeto.

Segundo a Oxfam, as tribos Maasai, do leste africano, já estão sofrendo com as mudanças climáticas. Tribos do Quênia atravessam neste momento a pior seca de que se tem memória, ameaçando seus rebanhos.

A reunião da ONU, que vai até o dia 18, deve resultar em um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2013.

Grupo que inclui Brasil cobra promessa dos países ricos contra aquecimento globa

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Ministros do Meio-Ambiente do grupo BASIC

O ministro Carlo Minc (à esquerda) se encontrou em Nova déli com ministros da Índia, China e África do Sul.

O Brasil, a China, a Índia e a África do Sul fizeram neste domingo um apelo para que os países ricos entreguem em 2010 os US$ 10 bilhões (R$ 18 bihões) prometidos para ajudar as nações mais pobres a lutar contra as mudanças climáticas.

O grupo, conhecido como BASIC, disse que o dinheiro precisa estar disponível “como prova do compromisso” dos países desenvolvidos com o desafio global.

O apelo foi feito após um encontro dos quatro países em Nova Déli, na Índia.

O dinheiro havia sido prometido no acordo obtido sem unanimidade na cúpula de Copenhague, no ano passado.

O chamado Acordo de Copenhague prevê US$ 30 bilhões em ajuda para os países em desenvolvimento nos próximos três anos.

O grupo BASIC foi fundamental na obtenção do acordo.

Prazo

Após o encontro em Nova Déli, ministros do Meio-Ambiente dos quatro países, entre eles o ministro Carlos Minc, divulgaram um comunicado conjunto pedindo a distribuição dos US$ 10 bilhões prometidos para este ano.

Os ministros também voltaram a apoiar o Acordo de Copenhague e prometeram criar um plano de ação para o combate ao aquecimento global, segundo o correspondente da BBC em Nova Déli, Sanjoy Majumber.

O encontro acontece uma semana antes do fim de um prazo para que os países que endossaram o acordo enviem as previsões de quanto cortarão de suas emissões de gás carbônico.

Durante o encontro de Copenhague, os países do BASIC resistiram à pressão para a imposição de limites obrigatórios para emissões de gases de efeito e disseram que iriam estabelecer seus próprios parâmetros sem atrapalhar seu crescimento econômico.

A próxima rodada de negociações global sobre o clima deverá acontecer em dezembro, no México.

Só estagnação econômica pode reduzir aquecimento global, diz estudo


Escultura representa o futuro negro do planeta com o aquecimento global

Relatório não vê biocombustíveis como possível solução

Um estudo de uma entidade britânica, divulgado nesta segunda-feira, defende que a única forma de controlar o aquecimento global é que os países ricos interrompam seu crescimento econômico.

A tese defendida pela Fundação Nova Economia (NEF, na sigla em inglês) é de que, mesmo com expansão econômica reduzida, não será possível atingir a meta de aquecimento global abaixo dos 2º C, como almejado pela comunidade internacional.

No relatório Crescimento não é possível: porque as nações ricas precisam de uma nova direção econômica, Andrew Simms, diretor da NEF, explica que “o crescimento econômico incessante está consumindo a biosfera do planeta além de seus limites”.

Em sua visão, o custo dessa expansão aparece no “comprometimento da segurança alimentar global, nas mudanças drásticas do clima, na instabilidade econômica e nas ameaças ao bem-estar social”.

Por isso, o mundo precisa de uma nova economia que respeite o orçamento ambiental, diz o estudo.

“Não há um banco central global do meio ambiente para nos salvar se formos à falência ecológica”, conclui.

Gases causadores do efeito estufa

O relatório da NEF explica que, segundo a Nasa, a agência espacial americana, a concentração máxima de gás carbônico na atmosfera para manter o aquecimento global dentro dos 2º C deveria ser de 350 ppm (partículas por milhão).

Para atingir essa meta até 2050, porém, a humanidade teria de reduzir sua intensidade de carbono na economia (quantidade de CO2 necessária para gerar expansão econômica) em 95%.

Não há um banco central global do meio ambiente para nos salvar se formos à falência ecológica

Andrew Simms, diretor da NEF

O problema é que a intensidade vem aumentando ao longo desta década.

Para reverter essa tendência, o estudo destaca que seria necessário um esforço político muito superior ao apresentado durante a Conferência de Mudança Climática em Copenhague, em dezembro do ano passado.

Justamente por isso o estudo classifica essa drástica redução na intensidade de carbono na economia como “sem precedente e, provavelmente, impossível”, reforçando a defesa pela estagnação econômica.

Alternativas inviáveis

O estudo também confronta a posição de muitos líderes globais de que o uso de biocombustíveis é uma opção viável para controlar o aquecimento global.

O primeiro problema é que esses combustíveis consomem uma área agrícola essencial para a produção de alimentos.

Se o Reino Unido, por exemplo, quisesse substituir seu consumo de petróleo por biocombustíveis à base de soja ou milho, precisaria de 36 milhões de hectares, ou seja, uma área 650% superior às terras aráveis do país, diz o estudo.

No caso do etanol produzido à base de cana-de-açúcar, o relatório admite que é possível produzir o combustível com o bagaço da cana, mantendo o suco voltado para a produção de alimentos.

Mas o etanol à base do bagaço “ainda precisa de substancial pesquisa e ainda não é comercialmente viável”, diz o estudo.

Com base em todas as possíveis alternativas analisadas pela NEF, o estudo concluiu que não pode haver controle do aquecimento global sem controle do crescimento econômico.

“Isso significa que, para permitir um crescimento econômico em países com baixa renda per capita (...), será necessária uma redução na expansão econômica dos países ricos”, conclui o relatório.

Aquecimento pode estar acelerando crescimento de florestas nos EUA, diz estudo


Árvore nos Estados Unidos (BBC)

Por mais de 20 anos, pesquisador monitorou crescimento de árvores.

As florestas no hemisfério norte estão crescendo a um ritmo mais rápido do que há 225 anos e o fenômeno pode estar ligado ao aquecimento global, diz um estudo realizado nos Estados Unidos.

Durante 22 anos, o ecologista Geoffrey Parker, do Centro de Pesquisa Ambiental do Instituto Smithsonian, em Maryland, acompanhou o crescimento no volume de árvores em 55 bolsões de florestas mistas e em diferentes estados de desenvolvimento.

Ele constatou que, em média, as florestas registravam um crescimento médio de duas toneladas adicionais por acre (0,4 hectare) anualmente, o equivalente ao volume de uma árvore nova de 0,5 metro de diâmetro nascendo a cada ano.

Usando técnicas que permitem a comparação de trechos de florestas do mesmo tipo em diferentes estágios de desenvolvimento, a pesquisa pode mapear o crescimento de árvores de idades de cinco a 225 anos.

Com isso, Parker e o co-autor do estudo, Sean McMahon, do Instituto de Pesquisas Tropicais do Smithsonian, puderam determinar que o crescimento acelerado é um fenômeno recente. Se as árvores todas tivessem crescido no ritmo desses últimos 22 anos, as florestas seriam bem maiores.

Parker e McMahon disseram que o principal responsável pelo fenômeno seriam efeitos ligados às mudanças climáticas, em particular, o aumento dos níveis de gás carbônico na atmosfera e ciclos mais longos de crescimento das plantas.

Nos últimos 22 anos, os níveis de gás carbônico na região subiram 12% e a estação de crescimento das árvores é agora quase oito dias mais longa. Com isso, as árvores têm hoje mais tempo e mais gás carbônico para "ganhar peso", como definem os cientistas.

Os especialistas disseram não saber ao certo as implicações que este aumento nas florestas poderia ter sobre o meio ambiente. Sabe-se que pequenas mudanças nos padrões de desenvolvimento das árvores podem ter consequências sobre ciclos de nutrientes, biodiversidade e clima.

As florestas e os seus solos armazenam a maior parte do estoque terrestre de gás carbônico. Por isso, a própria taxa de crescimento da floresta pode alterar os padrões do clima e do próprio processo de mudança climática.

Os pesquisadores americanos esperam que cientistas em outras partes do mundo também monitorem suas florestas para determinar quão difundido é o fenômeno.

Como os ecossistemas vão responder às mudanças climáticas é uma das maiores incertezas enfrentadas hoje nesta área pelos cientistas.